CURSO EAD DE TEOLOGIA

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Abraão e sua irmã-esposa

A Bíblia relata que o patriarca Abraão, por duas vezes, em cidades diferentes (Egito e Gerar) declara que Sara sua esposa era sua irmã, pois temia a morte, caso os homens dessas localidades se agradassem de Sara, que era de fato, muito formosa (Gn. 12:10-19 e 20:1-18). Teria Abraão mentido sobre o seu real parentesco com Sara? Sem dúvidas nenhuma Sara era sua esposa, mas também, sua irmã; na verdade, meia irmã. Sara era filha de Terá, com uma mãe diferente da mãe de Abraão. Veja o texto, “Por outro lado ela é também minha irmã, filha de meu pai e não de minha mãe” (Gn. 20:12). Sara de fato era irmã de Abraão. Então seria uma meia mentira ou uma meia verdade? Na verdade, quero basear este texto não no fato de ter Abraão mentido ou não. E sim, no que o levou a ter apresentado Sara como apenas sua irmã, e não como esposa também.
Mesmo que a hospitalidade fosse um dever do Oriente próximo, ela era vulnerável em algumas ocasiões, e de fato, Abraão corria risco de morte. Abraão não estava vendendo a honra de Sara para salvar-se, pois este artifício foi previamente planejado por eles (Gn. 20:13), talvez para ganhar tempo em circunstâncias perigosas.
Se você estivesse em uma situação onde sua vida estivesse em risco e a única forma de se livrar fosse mentir, o que você faria? Exemplo, um ladrão, fugindo da polícia, entra na sua casa armado, e lhe obriga, apontando uma arma pra você, a dizer que está tudo normal e não há ninguém na sua casa. Caso você o entregue falando a verdade, levaria um tiro na cabeça. Qual sua reação? Ou pode ser em uma outra situação onde sua vida corre perigo, como numa briga, ou num assalto quando dizemos ao ladrão que não temos dinheiro, tendo a carteira com o salário do mês. Ora, não seria isso uma mentira? Não quero com isso fazer apologia à mentira, pois a Bíblia a trata como pecado, afirmando que o mentiroso é filho do Diabo que é o pai da mentira. Quero com isso esclarecer que diante de circunstâncias perigosas temos a tendência natural e carnal de mentirmos, ou de não revelarmos toda a verdade, como foi o caso de Abraão. Fato que também aconteceu com seu filho Isaque na Filístia, declarando Rebeca como sendo sua irmã, e que na verdade eles eram primos de segundo grau. Parece que era uma estratégia de sobrevivência diante dos que cobiçavam mulheres bonitas.
Todos nós, seres vivos temos a característica natural de luta pela vida. Medo da morte não precisamos ter, pois sabemos para onde vamos, mas medo de morrer é inerente a todos os seres. Todos nós temos medo de morrer, e isso fica evidente quando vemos o perigo na nossa frente. Abraão o “Pai da Fé”, era gente com a gente. Temeu a morte, agiu como homem, não confiou em Deus, mas Deus pela sua misericórdia e fidelidade, apesar desta falha, preserva de Abraão a linhagem da promessa.