Uma das palavras hebraica
para justiça é “tsedaqah”, que corresponde à palavra grega “dikaiosunê”, e
ambas significam ‘retidão’. De acordo
com Russel Shedd (1990 p. 893) este termo passou por um processo de
desenvolvimento cronológico através de nove estágios na visão bíblica:
primeiramente observamos que a palavra hebraica etimologicamente parece
significar retidão no sentido físico; Já na era dos patriarcas, passou a ter um
sentido de se conformar a um padrão de valores aceito pela sociedade. Temos
como exemplo a justiça de Jacó, agindo de acordo com as condições impostas por
Labão, seu sogro, com relação ao rebanho (Gn. 30:33); A partir de Moisés, o
termo passou a distinguir aquilo que é da vontade de Deus e as atividades
resultantes dessa vontade (Dt. 32:4,5; Is. 45:19); em seguida por uma transição
natural, justiça passa a identificar um padrão moral na qual Deus quem media a
conduta dos homens (Is. 26:7); Relacionada ao governo divino, justiça descrevia
um ato de punição contra as infrações morais, tendo como exemplo o castigo das
pragas no Egito ( Êx. 9:27); No tempo dos juízes a palavra passou a ser usada
como vindicação dos atos de justiça, ou seja, é justo falar dos atos de justiça
de alguém, como também, reivindicar que falem dos meus atos de justiça (Jz.
5:11); algum tempo depois a justiça divina deixa de ser uma questão de
merecimento moral e passa a ser visto como um ato de piedade, amor e graça
divinos. Podemos ver este sentimento no Rei Davi, quando ora ao Senhor pedindo
perdão pelo seu adultério com Bate-Seba (Sl. 51:14). É uma justiça perdoadora.
E como resultado dessa justiça, vemos nas escrituras sagradas a “justiça possuída pelos homens, que é
declarada como atributo moral de Deus, e proporcional àqueles que confiam em
sua graça”. (SHEDD, 1990, p. 895). Um exemplo bíblico disso está
no livro do profeta Isaías, capítulo
cinquenta e quatro, verso dezessete. Por fim, o termo passa a ser definido como
o ato de dar esmolas, cuidar das viúvas e órfãos, como também dos necessitados
e marginalizados (Sl. 112:9; Mt. 6:1).
No
mundo Greco-romano, por volta do primeiro século da nossa era, justiça
correspondia ao comportamento correto de um homem para com seu semelhante, um
cidadão fiel e submisso às leis da cidade e um homem virtuoso no sentido da
religião popular.
Na
contemporaneidade, podemos observar algumas definições de justiça que trazem
uma melhor compreensão de seu significado. Segundo Orland Boyer (1978, p.320),
“justiça é a virtude moral que inspira respeito aos direitos de outrem, e que
faz dar a cada um o que lhe pertence”. Para Fritz Rienecker, (1995, p. 06),
“justiça é a retidão da vida mediante a obediência de acordo com a vontade
divina”. Outra definição encontramos no Dicionário Enciclopédico Focus,
ilustrado, de Augusto Miranda (1983, p. 331), ”justiça é conformidade com o
direito; faculdade de julgar segundo o direito e a melhor consciência”. Para
uma melhor compreensão, sintetizamos o conceito de justiça como sendo a virtude
que respeita o direito do outro, dando a cada um o que lhe pertence, julgando
segundo o direito e a boa consciência, alicerçada na vontade de Deus.
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