CURSO EAD DE TEOLOGIA

domingo, 22 de janeiro de 2017

FALSOS CONCEITOS DE JUSTIÇA

 

           
Neste abordaremos algumas noções de justiça que tem predominado na sociedade secular, e algumas vezes dentro de igrejas cristãs. A injustiça e a “justiça parcial” é um grande problema para a igreja já que foge do padrão que o próprio Deus deixou para que todo cristão pratique. O desafio maior é não ser influenciada pelos padrões de justiça secular, pois esses estão cheios de ideologias criadas pelo homem, que na sua limitação e imperfeição busca seus próprios interesses. Vejamos a seguir algumas dessas ideologias.

1.         Ideologia do Mérito

        
É provável que uma grande parte da sociedade tenha essa concepção sobre justiça. Ela se baseia no sistema econômico e seus princípios, onde o homem é o que tem e na posição que ocupa diante da sociedade. Podemos chama-la de ideologia capitalista do mérito, pois visa dar a cada indivíduo seus direitos e deveres de acordo com sua posição social e o quanto ela contribui financeiramente no crescimento de sua cidade, estado e país. Nesta concepção, um grande empresário deve ter grandes rendimentos financeiros e um agricultor ter seu soldo menor devido à sua posição e escolaridade. Um político com seus salários altíssimos e seus privilégios, vale mais que um gari, que de certo modo se esforça muito mais e trabalha de maneira digna pra ter o que comer e sustentar sua família. Nesta ideologia, um mendigo não teria valor algum para a sociedade, pois não produz riqueza para sua cidade.
            Este padrão de justiça é bem aceito pela sociedade secular, o que torna o desafio da igreja ainda maior, pois além de ensinar um padrão diferente, ela ainda precisa combater a entrada dessa ideologia dentro dela mesma. É necessário observar como estamos tratando todas as pessoas em nossas igrejas. Se de alguma forma privilegiamos os que têm condições sociais melhores e desprezamos os menos abastados.
            Um exemplo de que esta ideologia pode entrar na igreja e afastar os cristãos do que Cristo instituiu para ela é o que aconteceu na igreja do primeiro século de nossa era, que levou Tiago, discípulo e meio irmão de Jesus, a exortar a igreja sobre tal prática. No texto da carta de Tiago no capítulo 2 e verso de 1 a 13, verificamos que a igreja privilegiava os ricos com seus trajes luxuosos, fazendo-os sentar nos melhores lugares, enquanto que os pobres ficavam em pé ou nos últimos lugares. Tal prática denuncia um falso sistema de valores (v. 3), desonra a quem Deus honra (v. 5), favorecem os que oprimem os cristãos (v. 6), é pecado (v. 9) e quem tal coisa pratica sofrerá o juízo divino (v. 12 e 13).

2         Ideologia da Consciência Tranquila

           
Esta ideologia consiste em agir de acordo com sua própria consciência. Ou seja, as atitudes de alguém devem ser pautadas no sentimento de tranquilidade vindo de sua própria mente. Se numa determinada situação a mente está em paz, é sinal que a atitude foi justa, se não traz paz, é sinal de injustiça.
            Esta ideologia que parece correta é um grande perigo na vida cristã, pois a consciência humana não é uma fonte segura para ser base da justiça, tendo em vista que pessoas possuem formações diferentes, valores e princípios diferentes e até mesmo grau de sanidade diferentes. Se todas as pessoas tivessem uma boa consciência, sanidade mental e não sofressem variações de humor, ela seria perfeita. Mas como isso é impossível, ela não deve ser o padrão cristão de justiça social.
O que podemos esperar de justo numa consciência contaminada pelo pecado? Ou de uma consciência endurecida, cauterizada pelo sofrimento e traumas? Há ainda pessoas de consciência fraca, que se deixam levar por toda e qualquer opinião alheia. Pessoas imaturas e sensíveis, influenciadas por suas emoções cometeriam grandes injustiças tomando como base sua consciência. A consciência humana não é uma fonte segura de justiça.

3         Ideologia Farisaica

           
No judaísmo se aplicava a “justiça própria”. Que consistia no desenvolvimento de uma ética padrão pessoal ao ponto que este indivíduo alcançasse a sua salvação. “O judeu deveria viver conforme a Torah (lei), somado ao desenvolvimento de seu ativo do ‘Yêser hattob’ (impulso bom), e refrear o seu ‘Yeser Hara’ (impulso mau), para obter um padrão e julgar sua justiça própria” (MCCELLAND, 1990, p. 385).
            O evangelho de Mateus, no capítulo 23, faz algumas críticas a respeito da justiça dos fariseus, destacando suas características como algo reprovável diante daquilo que Cristo havia ensinado aos seus discípulos. Vejamos quais são.
            Primeiramente ele fala que os fariseus impõem regras aos outros e não as cumpre (v.4). Era fácil esta tarefa de criar leis, pois eles mesmos não tinham o dever de cumpri-las, pois se achavam acima da lei e da justiça.
            Em segundo lugar, os fariseus se achavam superiores a todas as pessoas (vs. 6 e 7). Consideravam-se dignos de honra, com maior espiritualidade e no direito de julgar as pessoas e condená-las por suas faltas. Acreditavam que eram juízes irrepreensíveis.
            Uma terceira característica é o uso da posição religiosa e social para se beneficiarem (v. 14). Neste contexto, os fariseus usavam a posição religiosa para tomares os bens das viúvas para si. Usar sua posição para obter vantagens próprias é uma atitude farisaica.
            A quarta característica, é o proselitismo (v.15). Uma das ênfases do farisaísmo é agregar um grande número de adeptos, mudando seus pensamentos para apoiar sua religião e ideologias de justiça. Quanto maior o apoio, menor a oposição às suas práticas.
            A quinta característica está no apego aos bens materiais (v. 16). Um “bom fariseu” é devidamente reconhecido pela sua avareza. Pois a riqueza tem papel fundamental na posição que ele pode exercer na sociedade e na influência sobre os demais. Segundo esse pensamento, os bens materiais influenciam a vida sobre coisas espirituais.
            Enfatizam as tradições dos homens, esta é a sexta característica do farisaísmo (v. 23). Normalmente as tradições exigem dos homens uma prática religiosa de aparência e de publicidade. Com isso, o prazer do fariseu em cumpri-las é visível, pois essa atitude resultará na fama de um religioso praticante e piedoso.
            Por fim, chegamos à sétima característica. Preocupam-se com o exterior e desprezam as virtudes (v. 25). Para eles o que importa é a aparência, a maneira de se vestir e se apresentar perante os homens. Era uma religião para os ricos de sua época.

            Este tipo de justiça tão cobiçada pelos fariseus, é exatamente a que Jesus rejeita, condena e abomina, contrastando com a justiça do Reino de Deus: “se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, de modo algum entrareis no Reino de Deus” (Mateus 5:20).

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