CURSO EAD DE TEOLOGIA

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O PADRÃO BÍBLICO DE JUSTIÇA SOCIAL

       


Quando a Bíblia fala de justiça, geralmente podemos compreender em três aspectos: legal, moral e social. Legal quando diz respeito à nossa posição perante Deus. O homem é um infrator da Lei de Deus, e para ser aceito, precisa ser justificado. O aspecto moral relaciona-se com consciência humana, sua conduta, como nos portamos perante a vida. E o aspecto social se refere à vida em sociedade.
Em toda a Bíblia não encontraremos Deus tratando unicamente de um desses aspectos de justiça isoladamente. Quando Ele exige que o homem seja justo, abrange os três aspectos supracitados. Exemplificando, tomemos o mandamento de não matar. Seu aspecto legal é que quem mata está sujeito a julgamento e condenação, pois descumpriu a Lei. Moralmente quem mata não fica em paz com sua consciência, pois sabe que cometeu um ato reprovável. E matar alguém implica em ferir o equilíbrio da sociedade. Em direito penal, quando alguém comete um crime, não o comete apenas contra a vítima, mas contra toda a sociedade, e por esta razão ele é passivo à punição por parte do Estado, para restabelecer o equilíbrio social rompido.
A partir de agora buscamos apresentar fatos e atitudes de alguns dos principais personagens bíblicos e sua relação com o tema proposto. Na Bíblia encontramos grandes exemplos e ensinamentos sobre como fazer justiça, vivendo seus princípios e sendo um instrumento de transformação da sociedade. Mostramos através de uma visão panorâmica no antigo testamento, pela vida e ministérios dos patriarcas, profetas e reis o padrão de justiça veterotestamentário, servindo de base para a justiça neotestamentária, e pudemos observar e apresentar a prática de vida de Jesus, seus apóstolos e da igreja em suas respectivas épocas.

1.1         Visão Panorâmica do Antigo Testamento

           
É de suma importância analisar o Antigo Testamento no que diz respeito à justiça, pois ele todo fala sobre este tema. É evidente em cada livro o valor que deus dá a justiça e o quanto ele requeria que seu povo a evidenciasse.

1.1.1    No Pentateuco


            A Lei de Deus dada por intermédio de Moisés era a revelação necessária para que o povo discernisse o que era justo e injusto. E a prática da Lei era a maior evidência de uma vida justa (Dt. 6:24, 25; 25:1; 32:4). Neste tempo foi instituída a lei do amor, que dava instruções para um convívio pacífico, assegurando os direitos dos mais fracos, ou seja, os pobres, as viúvas, os órfãos e estrangeiros. É dado o direito de apanhar frutos no chão, para a sobrevivência do faminto (Lv. 19:9, 10); há a proibição da opressão aos trabalhadores pobres, assegurando-lhes o direito ao salário diário (Dt. 24:14, 15); também é frisado o princípio da imparcialidade no julgamento, proibindo o favorecimento de alguém ou grupos (Lv. 19:15); a lei também ordenava aos que tivessem melhores condições financeiras, que ajudasse os pobres que viessem ao seu encontro, amparando-os em suas necessidades ( Dt. 15:7,8). 
Concluímos que o padrão de justiça no Pentateuco era de equidade e solidariedade. Equidade, onde nos é apresentado a partilha das terras de Canaã entre as tribos de Israel, onde eram divididas de acordo com o tamanho de cada família, assegurando-as a possibilidade de sobrevivência; E solidariedade no amparo aos mais necessitados.

1.1.2    Nos Livros Poéticos

           
Nos poéticos observamos que o ideal espiritual de uma pessoa não era a santidade ou bondade, e sim a justiça. Na maioria dos casos não se fala da bondade humana ou sua santidade, fala sempre do homem justo e este ligado as bênção de Deus (Jó 17:9; Sl 1:6; 5:12; 55:22; Pv. 4:18; 10:6, 7; 11:28; 14:32; 21:15; 28:28). A justiça nos livros poéticos tem como principal característica a defesa e o livramento dos necessitados, ante a opressão e suas necessidades (Sl. 82:34; Pv. 31:8, 9).

1.1.3    Nos Livros proféticos

           
Na visão dos profetas do antigo testamento, justiça não era uma questão política, e sim religiosa. Para eles era impossível separar justiça da religião. No livro do profeta Jeremias, por exemplo, percebemos que a justiça estava relacionada ao conhecimento de Deus (Jr. 22:16). Ou seja, quem conhece a Deus pratica a justiça e vice-versa. Na verdade, nos proféticos o atributo divino da justiça era imensamente divulgado.
            A justiça dos profetas também estava ligada à ajuda aos pobres e oprimidos, denunciando o erro e a opressão dos poderosos. É interessante observarmos a luta dos chamados “profetas menores” pela justiça social. Sempre que a sociedade estava sendo oprimida pelos poderosos de sua época, a violência aumentando, a fome crescendo e a injustiça reinando, Deus levantava homens para proclamar a Sua Justiça. Esses profetas clamavam por libertação e igualdade para os pobres e oprimidos e juízo contra os opressores.
O profeta Isaías clamou contra a injustiça, o suborno, a maldade e a opressão contra seu semelhante. Ninguém tem direito de oprimir o outro. Ele pregava que atos como esses são ofensivos a Deus. Quem tinha condições comprava a justiça, portanto, os juízes eram corruptos, o poder legislativo e executivo se deixava vender; como poderia Deus tolerar semelhante coisa? (Is. 1:15-17,23; 5:8,23; 58:6,7).
Jeremias denunciou o enriquecimento ilícito e também a opressão contra: pobres, viúvas, órfãos; também percebeu que a ambição se assenhoreava dos homens, o profeta viu o rico comprando os tribunais, viu o perverso ser justificado e o justo condenado. O profeta clama, denuncia e diz que Deus o justo juiz irá castigar todo tipo de injustiça praticada pelo homem (Jr. 5:26-29; 9:2-6; 22:13-17).
O profeta Amós diante de uma sociedade materialista, denuncia a injustiça, proclamando o juízo contra os opressores do povo (Am. 3:10, 11) e destacando que Deus estava requerendo a justiça em toda terra (Am. 1:3 – 2:16). Para Amós a justiça social fazia parte da adoração a Deus.
A luta do profeta Miqueias foi pelo estabelecimento da justiça em sua sociedade. Crítico da elite que oprimia o povo denunciou a injustiça e combateu a miséria causada pela exploração dos ricos (Mq. 2:1-13), e opressão dos governantes (Mq. 3:1-4).
A luta de Naum foi contra o totalitarismo militar dos assírios, inimigos cruéis de Israel, que oprimia os judeus com altos impostos e a escravidão de alguns. E proclama contra esses, o juízo de Deus ela opressão a Israel e às demais nações vizinhas (Nm 2:1-2).
O profeta Habacuque vê o crescimento da opressão, a destruição da moral e a grande violência em seu tempo, e clama por uma intervenção Divina (Hc. 1:2). Então Deus o manda profetizar escrevendo em tábuas a visão do juízo sobre Israel e sua injustiça, decretando sua justiça sobre toda a nação (Hc. 2: 2-20).

Um comentário:

  1. Muito interessante a perspectiva de cada profeta sobre a justiça de Deus e as injustiças da humanidade. Parabéns.

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